Publicado em 6 de Março de
2012 as 10:52:42 AM Comente
Texto Áureo: I Cr. 29.12 -
Leitura Bíblica: I Cr. 29.10-18
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O mercado livreiro está repleto de dicas a respeito
de como alcançar sucesso financeiro. Os autores desses best-sellers estão cada
vez mais ricos, mas os seus leitores continuam pobres, mesmo depois que leem
seus livros. As igrejas estão na rota desse pensamento contemporâneo, alguns
líderes eclesiásticos estão se tornando consultores para o enriquecimento em
dez dias. Na lição de hoje, na contramão dessa perspectiva, mostraremos que a
verdadeira prosperidade nada tem a ver com o que apregoam os adeptos da Teologia
da Ganância, em seguida, destacaremos os fundamentos bíblicos para se alcançar
a verdadeira prosperidade.
1. A BUSCA DO HOMEM PELA PROSPERIDADE FINANCEIRA
O homem moderno é produto da sociedade capitalista
e tecnológica que o conduz ao consumismo. Nesse contexto, o ter acabou se
tornando mais importante do que o ser, de modo que as pessoas são avaliadas não
pelo que são, mas pelo que têm, e, às vezes, não pelo que possuem, mas pelo que
aparentam que possuem. A propaganda é o meio que divulga os ideais consumistas,
as pessoas são incitadas, a todo instante, a adquirem mercadorias que não
precisam para satisfazerem não a si próprias, mas às exigências dos outros.
Como resultando dessa lógica, muitos estão entrando pelo caminho do
endividamento, indo além das suas capacidades de pagamento. O meio ambiente
também está padecendo, tendo em vista que o mercado está disponibilizando cada
vez mais produtos descartáveis, os quais, quando não são reciclados, demandam
maior necessidade de matéria-prima, e, por sua vez, comprometem a saúde do
planeta. A lógica consumista está moldando as atitudes do homem moderno de tal
modo que o ser humano finda sendo reduzido à quantidade de quinquilharias que
consegue acumular. A ética capitalista, conforme demonstrou Max Weber, tem
fundo religioso, e mais especificamente, protestante. Ao invés de investirem no
Reino de Deus, e mais especificamente, nos outros, os fiéis transformam o
acúmulo em um fim em si mesmo, em alguns casos, como vemos nos dias atuais,
sacramentalizam a riqueza e transformam a ostentação em benção divina. A
Teologia da Ganância impera de tal modo em algumas igrejas que seus fiéis não
buscam mais estar em conformidade com a vontade de Deus, mas a acumularem um
patrimônio a respeito do qual possam se gloriar.
2. A PROSPERIDADE FINANCEIRA NA VISÃO
NEOTESTAMENTÁRIA
Uma leitura cuidadosa dos evangelhos e das
epístolas do Novo Testamento nos mostrará que essa lógica nada tem de bíblica.
A economia de Deus está distante daquilo que nos é apresentado pelos teólogos
da ganância nos canais de televisão. O apóstolo Paulo afirma que quem deseja
obter riqueza cai em “muitos desejos descontrolados e nocivos” (I Tm. 6.9,10).
Conforme destacou o Senhor Jesus, ser rico pode se tornar um empecilho para
segui-LO, tendo em vista que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma
agulha que um rico entrar no Reino de Deus, o que espantou Seus discípulos, os
quais, ao que tudo indica, pensavam de acordo com a teologia da benção material
(Mt. 19.24,25). Os pobres, ao contrário do que acreditavam Seus discípulos, e
os adeptos da famigerada Teologia da Ganância, são objeto do interesse divino
(Mt. 5.1-12). Enquanto muitos, nestes tempos, buscam confiança nas riquezas, e
tantos outros, fazem tudo para tê-las, utilizando até de meios escusos, Jesus
chama a atenção para o “engano das riquezas” (Mt. 13.22). Aqueles que somente
querem a prosperidade financeira deveriam ler mais os evangelhos, pois Jesus é
categórico ao reprovar o acúmulo de tesouros na terra (Mt. 6.19-21). O
interesse do Senhor é que acumulemos tesouros no céu (Mt. 6.10), e que
coloquemos em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt. 6.33). Os
adeptos da teologia da ganância buscam aproximação com os ricos, justamente o
contrário de Jesus que se aproximava dos pobres (Lc. 1.51-53; 14.12-14). Até
mesmo a corrupção tem sido naturalizada em determinados arraiais, contrariando
o ensinamento de Jesus, especialmente no que tange à coisa pública (Lc.
3.11-14). Zaqueu é um exemplo de alguém que lidava indevidamente com os bens
públicos, mas que ao ouvir o evangelho de Jesus, decidiu mudar seu modo de vida
(Lc. 19.8,9). A riqueza é perigosa porque o seu poder está relacionado a uma
divindade, Mamom, que é rival de Deus (Mt. 16.33), aqueles que adoram a esse
deus são chamados por Jesus de insensatos (Lc. 12.16-21). As palavras de Paulo,
ao jovem pastor Timóteo, servem de alerta a todos os cristãos, em especial à
liderança: “os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em
muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na
ruína e na destruição” (I Tm. 6.9), por isso, o líder da igreja não deve ser
“apegado ao dinheiro” (I Tm. 3.3) e os diáconos não podem ser amigos de “lucros
desonestos” (I Tm. 3.8).
3. O CAMINHO PARA A VERDADEIRA PROSPERIDADE
O caminho para a verdadeira prosperidade se
encontra, entre muitas passagens bíblicas, na igreja de Jerusalém. Aquela sim
era uma igreja próspera, pois mesmo não sendo normativo, os crentes
demonstravam sensibilidade para as necessidades dos mais carentes. Lucas
registra que “os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo
suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”
(At. 2.44,45). Ao invés de viverem apregoando a prosperidade financeira,
buscavam a comunhão uns com os outros, se “dedicavam ao ensino dos apóstolos e
à comunhão, ao partir do pão e às orações” (At. 2.42), a lógica do acúmulo não
era central naquela comunidade, pois exercitavam a generosidade espontânea (At.
4.36,37). A comunhão era o valor fundamental, pois “ninguém considerava
unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinha”
(At. 4.31,32). Esse modelo, conforme destacamos anteriormente, não deve ser
imposto sobre quem quer seja, os membros da igreja, conforme depreendemos de
At. 5.1-5, tinha liberdade, isto é, opção de ficarem com seus recursos, ninguém
era obrigado a entregar tudo o que tinha. O princípio, no entanto, permanece, a
generosidade deva ser cultivada na igreja e a preocupação com as necessidades do
irmão. Ser verdadeiramente próspero, nesse sentido, não significa acumular
mais, antes ter mais para contribuir para o Reino de Deus. A condição
financeira das pessoas nas igrejas é um assunto por demais complexo, e que não
pode ser simplificado, sob o risco de cairmos no simplismo. As condições
sociais e as oportunidades que as pessoas tiveram ao longo da sua existência
não podem ser desconsideradas. É preciso estar ciente de que vivemos em um
mundo injusto, distanciado da graça de Deus, as pessoas não têm igualdade de
oportunidades. Os ricos conseguem ficar cada vez mais ricos e os pobres cada
vez mais pobres. A educação tem sido um instrumento para a ascensão social, mas
não podemos deixar de atentar para o fato de quem nem todos têm oportunidade à
educação de qualidade e ao emprego.
CONCLUSÃO
Diante dessa realidade, precisamos reconhecer que a
economia de Deus vai em direção oposta àquela apregoada pelo mundo. Na economia
de Deus não vale mais o que mais acumula, mas o que mais se desprende. Na
economia de Deus o investimento maior não é no material, mas no celestial, onde
o ladrão não rouba nem a traça corrói. Aqueles que, com seu trabalho honesto ou
com muito estudo, conseguiram uma condição mais abastarda, lembrem-se daqueles
que nada têm, e da recomendação bíblica: “a quem muito foi dado, muito será
cobrado” (Lc. 12.48).
BIBLIOGRAFIA
FOSTER, R. A liberdade da simplicidade.
São Paulo: Vida, 2008.
WILSON-HARTGROVE,
J. God’s economy. Grand Rapids: Zondervan, 2009.
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