Publicado
em 6 de Março de 2012 as 11:13:44 AM Comente
TEXTO ÁUREO =
Descansa no SENHOR e espera NELE; Não te Indignes por causa daquele que
prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos ( SL
37: 7 )
VERDADE
PRÁTICA = A verdadeira prosperidade é ter a salvação de Deus em Cristo
Jesus
Leitura
Bíblica = SALMO 73.1-17
INTRODUÇÃO
O salmista teve a sua fé duramente
provada ao procurar entender porque os ímpios prosperam tanto, enquanto os
justos, embora temam a Deus e pautem exemplarmente a sua vida, sofrem, às
vezes, tremendos dissabores. Contudo, Deus é justo. Se não entendemos tudo o
que acontece no mundo, um dia, quando chegarmos à divina presença,
compreenderemos todos os mistérios.
1. BOM É DEUS PARA COM ISRAEL
O salmo começa com uma conclusão
incisiva. O salmista previne o leitor: o que exporá com relação aos ímpios,
refere-se a uma situação já superada. Essa conclusão é a razão de ser do Salmo
73. Mais do que uma lamentação sobre a prosperidade dos ímpios, este salmo é um
hino de fé e de confiança em Deus.
II. ASAFE E A PROSPERIDADE DOS
ÍMPIOS (vs. 4-12)
O salmista enfoca diversas facetas
da vida dos ímpios. Muito perturbado, refere-se a estes como sendo os poderosos
deste mundo. Parece esquecer-se dos ímpios que estão sempre marcados pela
pobreza e miséria.
1. Não trabalham muito. Na
realidade, pode-se perceber claramente que muitos homens abastados são ímpios
da pior espécie. Ganham dinheiro facilmente através de atividades desonestas
tais como tráfico de drogas, prostituição (inclusive de menores). contrabando,
extorsão etc. Há muita gente trabalhando para eles, de modo que não precisam
afadigar-se nem se consumir em suor.
2. São soberbos e violentos (v.
6). Asafe ressalta o fato de os ímpios cercarem-se de orgulho como de um colar;
eles “vestem-se de violência como de um adorno”. A violência do ímpio, na
prática, é uma atitude de defesa. A Bíblia declara que “a soberba do homem o
abaterá…” (Pv 29.23).
3. Bem alimentados e criativos (v.
7). Na verdade, os ricos, que não têm compromisso com Deus, vivem de banquetes
e de festas, que são símbolo do poder humano. Eles não encontram tempo para
refletir acerca de seu destino eterno.
4. São corruptos e opressores (v.
8). Infelizmente, até no meio evangélico, há pessoas que procedem injustamente
contra operários e trabalhadores. Não é à toa que Tiago condena os ricos
opressores (Tg 5.4).
5. São incrédulos e blasfemam contra Deus (vs. 9-11). Temos visto exemplos
marcantes de ímpios que se voltaram contra Deus e, hoje, encontram-se esmagados
pela mão do Altíssimo. Eis o que Davi deixou-nos escrito: “Aquele que habita
nos céus se rirá.., o Senhor zombará deles” (Sl 2.4). E, na Epístola aos
Hebreus, encontramos esta advertência: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus
vivo” (Hb 10.3 1).
III. COMO ASAFE SENTIU-SE ANTE A
PROSPERIDADE DOS ÍMPIOS
1. Quase desviado (v. 2). Após
afirmar que Deus é bom para com Israel, Asafe passa a narrar o que lhe sucedeu
ao contemplar a prosperidade dos ímpios. Sua mente ficou perturbada. Ele mesmo
o confessa: “Quanto a mim, os meus pés quase se desviaram”.
2. Invejando os soberbos (v. 3).
Como pode um homem de Deus, como Asafe, ser assaltado por um sentimento tão
baixo quanto a inveja? Só o entenderemos, analisando sua crise a partir do
prisma da fraqueza humana. Ele teve inveja dos soberbos “ao ver a prosperidade dos
ímpios”.
3. Ficou perturbado. “Quando
pensava em compreender isto, fiquei sobremodo perturbado” (v. 16).
4. Ficou desiludido com a sua vida
espiritual (v. 13-14). Diante de tantas evidências quanto à prosperidade dos
ímpios, o salmista concluiu que, em vão, havia purificado o seu coração e
lavado as suas mãos na inocência.
5. O coração azedou (v. 21).
Muitas pessoas deixam-se dominar por esse tipo de emoções e, como resultado,
acabam acometidas por muitas doenças. O Dr. Mc Millen, PhD cristão, afiança que
90% das enfermidades são de origem emocional. Por isso, a Palavra de Deus
recomenda: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que
nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se
contaminem” (Hb 12.15).
IV. ENTENDENDO A VERDADEIRA PROSPERIDADE (vs 15-20).
O salmista, então, descobre que
ele próprio era próspero, e não o sabia. Por isso, glorifica a Deus.
1. Teve prudência no falar (v.
15). “Se eu dissesse: Também falarei assim; eis que ofenderia .a geração de teus
filhos”. Mostra-nos isto que Asafe, embora houvera pensado negativamente, a
ninguém manifestou o teor de seu pensamento. Nada disse à esposa, nem aos
filhos, ou aos amigos. Se o tivesse feito, teria pecado duas vezes. Uma, por
achar que Deus era injusto. Outra, por abrir a boca e dizer coisas inoportunas.
2. Entrou no santuário de Deus (v.
17a). Ao invés de falar, de murmurar, como muitos hoje em nossas igrejas, Asafe
entrou no santuário para orar, buscar a Deus, e derramar, diante dEle, suas
mágoas e frustrações.
3. Entendeu o fundos ímpios (v.
17b). Deus não revelou a Asafe o progresso, nem a prosperidade dos ímpios, mas
o fim destes. O que estava acontecendo, o salmista já o sabia. Deus permite que
o ímpio prospere. Mas só materialmente. Espiritualmente, o ímpio é um
miserável.
Ele se gaba: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta”. Todavia, a
resposta de Deus logo vem: “E não sabes que és um desgraçado, e miserável, e
pobre, e cego, e nu” (Ap 3.17).
O salmista, por conseguinte, teve
uma visão do futuro dos ímpios, a partir do que acontece no presente: “…então,
entendi eu o fim deles”. Meditemos no que o salmista entendeu:
a) Deus os põe em lugares
escorregadios (v.18a). Refere-se isso à falta de solidez dos ímpios. Eles não
têm base firme para suas vidas. Têm a casa edificada sobre a areia.
b) Deus os lança em destruição
(v.. 18b). Por mais que prosperem, o fim dos ímpios (se não se converterem) é a
destruição. “Os ímpios serão lançados no inferno…” (Si 9.17a).
c) Eles caem em desolação e são
consumidos por terrores (v. 19). Podem ter muitas riquezas, mas, no final,
serão atormentados (Ver Lc 16.19-31).
d) Deus despreza a aparência deles
(v. 20b). A essa altura, orando no templo, o salmista já houvera entendido que
a glória e a prosperidade dos ímpios são apenas aparentes.
4. A verdadeira prosperidade (vs.
23-28). Em sua estada no templo, o salmista teve profundas revelações. Não só
quanto a falsa prosperidade dos perversos, mas, também, do que é ser realmente
próspero.
a) É estar com Deus (v. 23a).
“Todavia, estou de contínuo contigo”. A presença de Deus dá descanso (Êx
33.14). Na presença do Senhor há fartura de alegria(SI 16.11).
b) É estar seguro por Deus (v.
23b). O salmista reconhece: “…me seguraste pela mão direita”. Asafe, agora,
reconhece que, na verdade, ele é quem estava prosperando. Mesmo tendo sido
tentado, o Senhor o sustentou em todas as coisas.
c) É ser guiado por Deus até a
eternidade (v. 24). “Guiar-me-ás com teu conselho e, depois, me receberás em
glória”. Quem é guiado por Deus tem segura prosperidade, principalmente no que
tange às riquezas eternas.
d) É ser rico, espiritualmente, no
céu e na terra (v. 25). “A quem tenho eu no céu senão a ti?” Ele conclui que
ninguém é mais valioso que o Senhor. Nenhuma riqueza material supera o fato de
se ter Deus na vida. Isso contraria a idéia que muitos crentes alimentam quanto
à prosperidade, que é vista do ponto de vista utilitarista e material. Bens
materiais são bênçãos de Deus para o crente, mas a verdadeira prosperidade é a
das riquezas espirituais e eternas.
e) É ter Deus como fortaleza e
porção da vida (v. 26). O salmista, em sua oração, viu que a sua carne era
fraca, mas Deus era a fortaleza do seu coração. E acrescentou que Deus é a
porção da sua vida. Essa é a verdadeira prosperidade.
f) É aproximar-se de Deus e
confiar nEle (v. 28). Asafe conclui o salmo, dizendo: “Mas, para mim, bom é
aproximar-me de Deus”. Ele não avaliava mais a prosperidade com ênfase na
transitoriedade dos bens materiais, mas na prevalência do espiritual sobre o
material e, principalmente, no relacionamento com Deus. Por fim, ele coloca no
Senhor a sua confiança para anunciar aos outros as grandes obras de Deus.
A PALAVRA DE DEUS É A FONTE DA
PROSPERIDADE
- Vistas as características da
promessa bíblica da prosperidade em relação à Igreja, temos, ainda, de indagar
como obter esta promessa, já que, como vimos, trata-se de uma promessa
condicional.
- Dissemos que a prosperidade
enquanto promessa para a Igreja como que se confunde com a bem-aventurança e
vimos que a primeira vez em que surge a expressão “bem-aventurado” nas
Escrituras, ainda que dirigida a Israel, ressalta-se que a fonte desta
bem-aventurança é a salvação pelo Senhor (Dt.33:29). Assim, tem-se que a fonte
da prosperidade está na salvação, salvação que, sabemos, se dá pela fé em
Cristo Jesus (Ef.2:8), fé que vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus
(Rm.10:17).
- O salvo autêntico e verdadeiro
tem de ter raiz, tem de ter base na Palavra de Deus. Como diz o Senhor, só quem
ouve e pratica as Suas palavras pode vencer as dificuldades, as provações da
vida, os obstáculos que surgem na vida de cada um. Quem constrói a sua casa
sobre a rocha, os ventos, as tempestades e os rios não são capazes de destruir
a edificação (Mt.7:24,25). Construir a casa sobre a rocha é crescer na Palavra
de Deus, pois a rocha aí é símbolo de Cristo, que é a Palavra (Jo.1:1).
- Pela botânica, sabemos que a
raiz é a parte do vegetal superior mais importante, porque é a que dá a
sustentação para o crescimento do vegetal e através da qual se vem a
alimentação necessária para a sobrevivência. Uma planta que não tenha uma raiz
suficiente, como Jesus disse na parábola do semeador, não resiste, morre. Uma
planta cuja raiz não tenha condições de continuar crescendo, levará à morte do vegetal,
porque, mais cedo ou mais tarde, a planta será deslocada e, sem estar presa ao
solo, acabará por morrer, por maior ou mais antiga que seja.
Aliás, recentemente, vimos uma
reportagem a respeito da quantidade de árvores antigas que estão caindo no Rio
de Janeiro, precisamente por causa das instalações de cabos, dutos e tubulações
subterrâneas naquela cidade que comprometem a persistência do crescimento das
raízes destas árvores, que passam a cair com muita freqüência, por qualquer
abalo mais forte, como chuvas ou ventanias.
- A própria Bíblia, quando fala do
servo fiel, do homem bem-aventurado, ou seja, do homem mais do que feliz, que
assim o é por ter comunhão com Deus, sempre o compara a árvores que têm raízes
profundas, a indicar, portanto, ser indispensável que se tenha o conhecimento
crescente, contínuo e profundo da Palavra de Deus para se ter uma vida
espiritual sadia.
- Em Nm.24:6, numa das profecias
de Balaão, Israel, o povo santo do Senhor, é comparado como “árvores de sândalo
que o Senhor plantou, como cedros junto às águas”(ECA). Tanto o sândalo, quanto
o cedro têm raízes profundas e muito eficientes. Os cedros são ditos junto às
águas, ou seja, possuem raízes que vão diretamente à fonte de água, a permitir
um crescimento duradouro e bem grande.
Além do mais, pela sua altura (o
cedro do Líbano tem entre 13 a 20 metros de altura), o cedro, necessariamente,
tem de ter raízes bem profundas. Assim deve ser o crente: uma pessoa com raízes
profundas, ou seja, que se esmera no estudo e no conhecimento da Palavra de
Deus, conhecimento que lhe permita levar até as águas vivas oferecidas por
Cristo Jesus (cf. Jo.4:10,11).
- No Salmo 1, temos uma das mais
conhecidas referências dos salvos a árvores. O salmista diz que o varão
bem-aventurado é como a árvore plantada junto ao ribeiro de águas, a qual dá o
seu fruto na estação própria (Sl.1:3). Quem é este varão, que, por ser uma árvore
planta junto a ribeiro de águas, tem a mesma estrutura do cedro mencionado na
profecia de Balaão? É o varão que tem seu prazer na lei do Senhor e na sua lei
medita de dia e de noite (Sl.1:2). Ser uma árvore plantada junto a ribeiro de
águas, com fortes e profundas raízes que asseguram um crescimento contínuo e
uma saúde tal que faz com que frutifique e frutifique no tempo certo é tão
somente ter conhecimento da Palavra de Deus, é meditar noite e dia, dia e noite
na Palavra do Senhor. Quer ser uma árvore desta natureza? Quer ter firmeza e
saúde espiritual? Basta dedicar-se à meditação na Palavra de Deus diariamente!
- Esta é a fonte da prosperidade.
Tudo que se fizer será bom, trará bem-estar se fizermos de acordo com a Palavra
de Deus. Muitos têm tudo, até dinheiro em demasia, mas não têm o bem-estar.
Vivem inquietos, atribulados, apesar e por causa das muitas riquezas, não tendo
qualquer alegria ou contentamento verdadeiros, porque não fazem as coisas de
acordo com a sã doutrina. Ser próspero é ter bem-estar em tudo o que se faz,
ago muito diferente e muito melhor do que possuir bens materiais.
- No Sl.52:8, o salvo é comparado
a uma “oliveira que floresce na casa de Deus”(ECA). A oliveira é uma árvore que
tem cerca de 7 metros de altura, o que mostra ser também uma planta onde as
raízes têm de ser profundas. Embora seu desenvolvimento seja lento, suas raízes
são tão fortes que, mesmo havendo o seu corte, as raízes são capazes de
produzir até cinco troncos sucessivamente, não sendo difícil que oliveiras sejam
mantidas por séculos se não forem perturbadas. Temos, pois, mais uma árvore que
se caracteriza pela profundidade e pela força de suas raízes. O fruto da
oliveira, a azeitona, dá-nos o azeite, que é um dos símbolos do Espírito Santo.
O vigor das raízes da oliveira mostra-nos, assim, que uma vida de dedicação à
Palavra de Deus produz uma ação vigorosa do Espírito Santo para todos os que
nos cercam. Não é à toa que a oliveira era, desde a mais remota Antigüidade, um
símbolo da amizade e da paz. Para que floresçamos na casa do Senhor, é
indispensável que tenhamos raízes profundas, que conheçamos a Palavra de Deus.
- Neste florescer, além de
embelezarmos o ambiente onde estivermos, também exalaremos o “bom cheiro de
Cristo” (II Co.2:14-16), contribuindo para o bem-estar de tantos quantos estão
à nossa volta e que têm a mesma esperança.
Verdade é que, por sermos
prósperos, provocaremos a ira e a indignação dos que estão destinados à
condenação, pois o “bom cheiro de Cristo” para eles é cheiro de condenação, é denúncia
de sua lamentável situação, mas, como temos o Espírito de Deus, teremos o
devido consolo e alegria, pois sabemos que o nosso bem-estar é a garantia de
que nos está reservado um galardão nos céus. Aleluia!
- No Sl.92:12-15, é dito que “o
justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano, plantados na
casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão
frutos, serão viçosos e florescentes, proclamando: o Senhor é reto, Ele é a
minha rocha e nEle não há impiedade”(ECA). Ao comparar o justo à palmeira,
vemos que se tem uma árvore alta, esguia, sem ramos, com um tufo de folhas de 2
a 3 metros de comprimento a coroá-la.
Embora não seja tão alta como o
cedro, a palmeira também possui raízes profundas e firmes, vez que,
normalmente, seu tronco é flexível, resistente a ventanias, principalmente as
espécies que surgem à beira-mar. A profundidade e firmeza das raízes uma vez
mais se apresentam como característica do servo de Deus, que é uma demonstração
de sua prosperidade, de seu bem-estar. Nesta passagem, o salmista ressalta a
circunstância da perenidade. Quem está firmado na Palavra, nem mesmo o desgaste
da idade física compromete a qualidade do seu fruto espiritual. Pelo contrário,
este justo sabe que está firmado na Palavra, que tem sua base na rocha que é o
seu Deus e que, quando se vive a Palavra de Deus, é-se consciente de que não se
pode pecar, pois Deus não tem qualquer impiedade.
- O profeta Isaías diz que as
pessoas alcançadas pela mensagem do Messias seriam chamadas de “árvores de
justiça”, “plantação do Senhor, para que Ele seja glorificado” (Is.61:3?in
fine”). Quem aceita a Cristo tem de ser “árvore de justiça” e para que assim o
sejamos, faz-se preciso que sejamos “plantados pelo Senhor” e com o propósito de
glorificá-lO. Ora, onde o Senhor nos planta? Já vimos no estudo destas
referências bíblicas que o Senhor nos planta “junto às águas”, ou seja, em
Cristo, na fonte de água viva, na rocha, na Palavra de Deus, pois, como
sabemos, a água representa a Palavra do Senhor ( I Co.10:4; Ef.5:26).
É este o lugar em que somos
plantados, é esta a fonte da verdadeira prosperidade e não poderia ser
diferente, pois, para sermos “árvores de justiça”, temos de estar junto ao
“justo” (I Pe.3:18) e é conhecendo a Palavra que a praticaremos e quem é a
pratica é justo, assim como Ele é justo (I Jo.3:7).
- O profeta Jeremias torna a dizer
que o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor é “como a árvore
plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro. Não receia
quando vem o calor, suas folhas são sempre verdes. No ano da sequidão, não se
perturba, nem deixa de dar fruto” (Jr.17:8). Mais uma vez vemos que o salvo em
Cristo Jesus cresce espiritualmente em direção ao ribeiro, ou seja, em direção
à água, em direção à Palavra de Deus.
A verdadeira prosperidade gera um genuíno crescimento espiritual, que é feito
na Palavra do Senhor, sendo, pois, totalmente sem respaldo bíblico a tentativa
de se construir uma espiritualidade à margem da Palavra de Deus, com base em
“revelações”, “novas unções”, “dons espirituais” ou misticismos da mais ampla
variedade, como vemos nos nossos dias. O verdadeiro salvo cresce “para o
ribeiro” e, ao crescer na Palavra, no conhecimento das Escrituras, esta Palavra
vai sendo confirmada com a manifestação do poder do Senhor, com sinais,
maravilhas e dons espirituais (Hb.2:3).
- O profeta Ezequiel, na sua visão do rio purificador, o rio que correrá em
torno do templo do Milênio, observou que, ao lado deste rio, havia árvores
tanto de um lado quanto de outro, árvores que estavam à margem do rio. Esta
visão, além do seu sentido literal, também nos traz uma figura do que é a
comunidade que se encontra sob o domínio do Senhor, como será Israel na época
milenial. A igreja da nossa dispensação, o Israel de Deus (Gl.6:16) é formado
unicamente por árvores que se encontram junto às águas, por pessoas que dão
prioridade à Palavra do Senhor, que nela meditam e que a cumprem dia e noite,
noite e dia. Ser próspero significa pertencer a este povo, não ao grupo dos
“grandes mercadores” que anseiam e anelam servir ao Anticristo.
- O profeta Oséias, ao profetizar sobre a restauração espiritual de Israel,
afirmou que Israel “florescerá como o lírio e espalhará as suas raízes como o
cedro do Líbano. Estender-se-ão os seus ramos, e a sua glória será como a da
oliveira, o seu odor como um cedro do Líbano. Voltarão a habitar na sua sombra.
Serão vivificados como o trigo e florescerão como a vide, a sua memória será
como o vinho do Líbano” (Os.14:6,7 ECA). Aqui também se vê como o povo salvo é
sempre um povo que tem raízes que se espalham, raízes que crescem e se
desenvolvem.
- Ante tantas manifestações bíblicas, podemos ainda ter alguma dúvida a
respeito de que a verdadeira prosperidade tem como fonte a Palavra de Deus?
Podemos nos manter acomodados com a negligência que temos tido e assistido com
relação ao ensino da Palavra de Deus em nossas igrejas locais na atualidade? A
única forma de termos a verdadeira prosperidade, de nos apossarmos desta
promessa de Deus é voltando à Palavra de Deus, é deitando raízes na meditação
das Sagradas Escrituras.
A VERDADEIRA FELICIDADE
“Feliz o homem constante No temor
de Deus”. Prov. 28:14
Muitas pessoas têm confundido
felicidade com aquilo que é apenas alegria, sucesso, ou bem-estar passageiro.
Estão sempre à procura daquilo que já possuem, pois, são felizes e não o sabem.
Imaginam que riqueza e projeção social podem levá-las ao auge do prazer e do
contentamento. Isto, porque almejam subir ainda mais nos seus anseios que podem
não ter fim.
E a ambição, a causadora das
insatisfações constantes. A felicidade não está nas coisas e nos anseios já
realizados porque, com antecedência, já está dentro da pessoa, mesmo antes que
lhe aconteçam o sucesso e a vitória. E um estado de espírito tranqüilo e manso.
Pode-se até dizer que a felicidade é a roupagem da paz e do amor.
Talvez seja por isso que dizemos,
quando estamos lendo a felicidade nos olhos de certa pessoa, que ela transmite
a luz da alegria. A felicidade tem sido convidada a entrar na vida dos nossos
melhores amigos em ocasiões especiais. E ela que podemos almejar como nossa
bênção, a título de presente. Estamos empenhados em consegui-la e segurá-la
antes que nos escape das mãos, indo pelos vãos dos dedos. Não nos dá o direito
a exclusividades. Qualquer pessoa pode usufruir desse maravilhoso sentimento de
ventura. Ainda bem que pelo menos as crianças a possuem com naturalidade.
A felicidade une aos que se amam
ardentemente, de poucos ou de longos anos; aos que na medida do possível querem
ficar sempre perto. Esta é a compreensão que podemos demonstrar como coisa
elementar da vivência de cada um de nós. Mas na Bíblia, no Salmo I, a
verdadeira felicidade não se refere apenas ao cotidiano relacionado com o viver
simplesmente; mas também à nossa maneira de ser e agir, coisas do interior,
como querer e proceder.
Assim, a pessoa só poderá ser
feliz, dentro do quadro que o salmo sugere: Bom caráter, o trilho certo, a
percepção do certo e do errado. Na linguagem atualizada, revista e corrigida,
está escrito: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não
se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”.
(Salmo 1:1).
Na linguagem de hoje: “Feliz
aquele que rejeita os conselhos dos maus, que não segue o caminho dos
pecadores, e não anda com os que zombam de Deus”. (Salmo 1:1).
Os maus, os pecadores, e os que
zombam de Deus, dos nossos dias, não vêem estas palavras do salmista como um
alerta para a felicidade. Antes, julgam que as pessoas que agem assim, são
covardes, inibidas e atrasadas socialmente. Conforme o salmista sugere, para
estas pessoas a felicidade está à vista do que vêem e do que lhes é oferecido
pelos desejos da carne.
Podemos sentir que, realmente, a
felicidade está no fato desse homem do Salmo I vir comandando a sua vida,
segundo o que Deus lhe apraz. Ele age, deixa de fazer, e escolhe o seu próprio
caminho.
Se ouvir os conselhos dos maus; caminhar entre os praticantes do mal, e
assentar-se no meio dos ímpios, tomando parte ativa nas suas deliberações, e
com gosto, então não deseja a verdadeira felicidade que Deus tem para lhe dar.
Assim tem-se confundido prazer momentâneo com satisfação permanente. Segundo o
salmista que compôs a poesia do Salmo I, as pessoas que agem erradamente, não
poderão ser felizes. Ele as classifica como palha que o vento leva; serão
condenadas e separadas. E o seu desígnio é a perdição. Não há aproveitamento
algum.
No versículo dois, o salmista diz
que o prazer da pessoa que é feliz deve estar, continuamente, na leitura da
“lei do Senhor” e nela meditar dia e noite. Esta é uma afirmação, pois, a
pessoa é feliz porque faz isso; o meditar na palavra que aponta o farol que
ilumina o caminho trilhado. O aprendizado se faz a qualquer momento que ele
necessitar. Pela manhã, à tarde ou à noite. A comunhão com o Senhor, às vezes,
depende do que Ele tem para nos dizer.
O terceiro versículo diz que a
pessoa que assim procede, é semelhante a uma árvore plantada junto a corrente
de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e
tudo quanto ela faz será bem sucedido. Arvore forte, verde, frutífera, e que
não mente. Na estação ela dá o fruto esperado. Folhagem que não murcha, visual
constante, sadio, tem o bem sucedido. E estável e menos faltoso, não se pode
fugir desta realidade. Nós nos consideramos felizes à medida que formos
constantes no temor de Deus.
E um salmo que define a felicidade
em relação à pessoa e a Deus. E uma boa receita para os que querem ser
agradáveis, e fazer as coisas se tornarem agradáveis também. Infelizmente,
temos ouvido pessoas dizerem que a felicidade não existe, e somente momentos
felizes estão claros. Ora, sabemos que estes que assim se expressam, são
ignorantes em relação a verdadeira felicidade. São os desiludidos que não sabem
distinguir o sentido da felicidade, daquilo que atribuem como sendo a própria
felicidade.
O que acontece é que falham no
amor, nos negócios, na vida e na fé. São fracassos e o problema é pessoal e
passageiro. Uma vez passados os deslizes, a perda, a fé inconstante, tudo pode
ser superado. E o que aconteceu fica com o passado. Há pessoas que sendo
inválidas, se declaram felizes, ignorando a dor e o sofrimento que a doença
lhes tem causado.
A felicidade não é viver para si
somente, numa rotina de vida, sem procurar modificá-la para melhor. E também
ajudar, quando isto nos é permitido pelas possibilidades. Existem muitas
maneiras de sermos úteis e levarmos felicidade a outros. Crianças nos
orfanatos, velhos nos asilos, doentes em casa ou nos hospitais, pessoas
assentadas nas calçadas à espera de socorro, etc.
Eles esperam de nós a palavra
amiga, simpática, que se transforma em carinho quando damos nossa atenção a
mais pobre destas criaturas. Nem sempre seremos bem recompensados se vivermos
apenas em função de nós mesmos.
Não devemos nos esquecer que a vida tem suas variações. Às vezes, é como lugar
árido, sem flores, sem sombra e até sem água. Vales e montes se nos deparam e
somos obrigados a descer sem ajuda, escorregando e caindo. Ou então, temos de escalar
montanhas cheias de dificuldades sem um único empurrão amigo. A felicidade não
é visível, mas é suave, não machuca, só faz o bem. E por isso devemos ter os
pés no chão, olhos presos no futuro, e caminhar confiando no Senhor que possuem
as melhores bênçãos que conhecemos. Gozemos a paz, dediquemo-nos ao amor, e
cultivemos a fé que significa a força e a ponte que nos leva ao nosso Deus.
Confiando nas promessas de Deus
Gênesis 50:25 E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente vos
visitará Deus, e fareis transportar os meus ossos daqui.
É comum que as pessoas tenham dificuldades para acreditar e esperar em
promessas, especialmente em nosso Brasil, onde há muitos prometedores
politiqueiros que usam até o nome de Deus mas que dificilmente cumprem suas
promessas obrigando cada um a “se virar como pode”, a deixar tudo como está, a
perder a esperança de mudanças, em fim perder a fé.
José sabia que o povo de Israel poderia perder a fé na promessa de Deus, embora
o Senhor não seja politiqueiro, por isso ele fez um pedido que reforçava sua fé
na promessa de Deus e que deveria ser lembrado pelo Povo de Deus. Ele pediu que
quando o Senhor os tirasse do Egito, levassem seus ossos para serem sepultados
na terra Prometida por Deus a Abraão. Podemos ver nesse pequeno trecho que quem
confia na promessa de Deus sabe que nada poderá impedi-la, vejamos:
- O poder humano não poderia impedir, e José sabia bem disso em sua própria
história de vida. Quanta vez esteve perto de perder tudo, ou melhor, perdeu, e
Deus lhe restituiu chegando a ser o homem mais importante no maior reino de sua
época. José sabia que o mesmo Deus que levara seu povo para o Egito para
livrá-lo da morte durante uma grande fome, pois o povo era ainda nômade ou
semi-nômade e não tinha estruturas para enfrentar tal provação, além do mais,
Faraó jamais receberia o Povo de Deus se não fosse em gratidão pelo livramento
dado por Deus pelas mãos de José que previu e aprovisionou mantimento nos dias
de fartura para os dias de penúria. O Deus que livrara o seu povo da força da
natureza e da força de Faraó, não seria impedido por nenhum ser humano, por
mais importante e poderoso que fosse.
- A distância e solidão também não podem impedir as promessas de Deus. José
sabia que o povo tenderia a se acomodar, mas que não se pode acomodar a acordos
com o homem ímpio. Fora da Terra Prometida, Israel era alguém sem posse, sem
identidade de cidadão, entregue à própria sorte e aos possíveis caprichos e
discriminações dos senhores da terra, como ocorreu posteriormente.
Tiremos como lição de que por mais distantes que estejamos do cumprimento de
promessas de Deus, nosso Senhor não está distante pois é onipresente e está
conosco a cada momento vendo o que fazemos de bom e mal. Vamos viver como quem
tem certeza de que o provedor está conosco mesmo que a promessa esteja além do
horizonte.
- A morte e o mundo espiritual também não podem nos separar das promessas de
Deus. Note que numa cultura onde havia técnicas sofisticadas de mumificação com
intenção de perpetuar os mortos pela preservação de seu corpo, e conceder com
isso algum benefício no porvir, José negou as práticas idolátricas dos Egípcios
e disse que queria que o povo de Deus levasse seus ossos para Canaã.
Isso significa que mesmo embalsamado como aponta o texto, este procedimento não
foi feito com os requintes egípcios de preservação, provavelmente foi apenas um
ato de perfumar o corpo, prepará-lo para suportar o tempo suficiente para ser
chorado por todo o povo visto que se tratava de alguém extremamente querido tanto
pelos judeus quanto por aquela geração de egípcios. José não se precipitava
pois ele sabia que a morte e qualquer força espiritual não pode nos afastar do
cumprimento das promessas de Deus e de sua Salvação. A morte tem nos
preocupado? O mundo espiritual tem nos preocupado? Confiemos em Cristo pois ele
está conosco para nos salvar seja qual for nossa situação perante a vida neste
mundo.
- Outra coisa que a preocupação de José nos mostra é que o tempo, que para nós
é inexorável, é impotente perante o Deus Eterno. Há quanto tempo esperamos por
promessas? Algumas podem demorar mas certamente virão no momento certo, quando
Deus quiser. A promessa mais importante não está sujeita ao tempo, que é a
Salvação. Nós é que podemos adiar sua realização pela nossa desobediência em
submeter-se a Jesus reconhecendo nossos pecados, e podemos também fazer com que
ela ocorra imediatamente quando aceitamos a Cristo.
Que estas verdades nos confortem e nos despertem no servir a Deus: não há
poder, distância, solidão, tempo, morte ou força espiritual que possa nos
separar do amor de Deus.
Deus o Trabalho e a Prosperidade
A prosperidade financeira obedece a normas, regras e métodos estabelecidos. Por
outro lado, da perspectiva bíblica, a prosperidade é um dom de Deus. É ele quem
concede saúde, oportunidades, inteligência, e tudo o mais que é necessário para
o sucesso financeiro. E isso, sem distinção de pessoas quanto ao que crêem e
quanto ao que contribuem financeiramente para as comunidades às quais
pertencem. Deus faz com que a chuva caia e o sol nasça para todos, justos e
injustos, crentes e descrentes, conforme Jesus ensinou (Mateus 5:45). Não é
possível, de acordo com a tradição reformada, estabelecer uma relação constante
de causa e efeito entre contribuições, pagamento de dízimos e ofertas e mesmo a
religiosidade, com a prosperidade financeira.
Várias passagens da Bíblia ensinam os crentes a não terem inveja dos ímpios que
prosperam, pois cedo ou tarde haverão de ser punidos por suas impiedades, aqui
ou no mundo vindouro. Através dos séculos, as religiões vêm pregando que existe
uma relação entre Deus e a prosperidade material das pessoas. No Antigo
Oriente, as religiões consideradas pagãs estabeleceram milênios atrás um
sistema de culto às suas divindades que se baseava nos ciclos das estações do
ano, na busca do favor dessas divindades mediante sacrifícios de vários tipos e
na manifestação da aceitação divina mediante as chuvas e as vitórias nas
guerras. A prosperidade da nação e dos indivíduos era vista como favor dos deuses,
favor esse que era obtido por meio dos sacrifícios, inclusive humanos, como os
oferecidos ao deus Moloque.
No Egito antigo a divindade e
poder de Faraó eram mensurados pelas cheias do Nilo. As religiões gregas, da
mesma forma, associavam a prosperidade material ao favor dos deuses, embora
estes fossem caprichosos e imprevisíveis. As oferendas e sacrifícios lhes eram
oferecidas em templos espalhados pelas principais cidades espalhadas pela bacia
do Mediterrâneo, onde também haviam templos erigidos ao imperador romano,
cultuado como deus.A religião dos judeus no período antes de Cristo, baseada no
Antigo Testamento, também incluía essa relação entre a ação divina e a
prosperidade de Israel. Tal relação era entendida como um dos termos da aliança
entre Deus e Abraão e sua descendência.
Na aliança, Deus prometia, entre
outras coisas, abençoar a nação e seus indivíduos com colheitas abundantes,
ausência de pragas, chuvas no tempo certo, saúde e vitória contra os inimigos.
Essas coisas eram vistas como alguns dos sinais e evidências do favor de Deus e
como testes da dependência dele. Todavia, elas eram condicionadas à obediência
e só viriam caso Israel andasse nos seus mandamentos, preceitos, leis e
estatutos. Estes incluíam a entrega de sacrifícios de animais e ofertas de
vários tipos, a fidelidade exclusiva a Deus como único Deus verdadeiro, uma
vida moral de acordo com os padrões revelados e a prática do amor ao próximo. A
falha em cumprir com os termos da aliança acarretava a suspensão dessas
bênçãos.
Contudo, a inclusão na aliança, o
favor de Deus e a concessão das bênçãos não eram vistos como meritórios, mas
como favor gracioso de Deus que soberanamente havia escolhido Israel como seu
povo especial.O Cristianismo, mesmo se entendendo como a extensão dessa aliança
de Deus com Abraão, o pai da fé, deu outro enfoque ao papel da prosperidade na
relação com Deus. Para os primeiros cristãos, a evidência do favor de Deus não
eram necessariamente as bênçãos materiais, mas a capacidade de crer em Jesus de
Nazaré como o Cristo, a mudança do coração e da vida, a certeza de que haviam
sido perdoados de seus pecados, o privilégio de participar da Igreja e, acima
de tudo, o dom do Espírito Santo, enviado pelo próprio Deus ao coração dos que
criam.
A exultação com as realidades
espirituais da nova era que raiou com a vinda de Cristo e a esperança
apocalíptica do mundo vindouro fizeram recuar para os bastidores o foco na
felicidade terrena temporal, trazida pelas riquezas e pela prosperidade, até
porque o próprio Jesus era pobre, bem como os seus apóstolos e os primeiros
cristãos, constituídos na maior parte de órfãos, viúvas, soldados, diaristas,
pequenos comerciantes e lavradores. Havia exceções, mas poucas. Os primeiros
cristãos, seguindo o ensino de Jesus, se viam como peregrinos e forasteiros
nesse mundo. O foco era nos tesouros do céu.
A Idade Média viu a cristandade
passar por uma mudança nesse ponto (e em muitos outros). A pobreza quase virou
sacramento, ao se tornar um dos votos dos monges, apesar de Jesus Cristo e os
apóstolos terem condenado o apego às riquezas e não as riquezas em si. Ao mesmo
tempo, e de maneira contraditória, a Igreja medieval passou a vender por
dinheiro as indulgências, os famosos perdões emitidos pelo papa (como aqueles
que fizeram voto de pobreza poderiam comprá-los?). Aquilo que Jesus e os
apóstolos disseram que era um favor imerecido de Deus, fruto de sua graça,
virou objeto de compra.
Milhares de pessoas compraram as
indulgências, pensando garantir para si e para familiares mortos o perdão de
Deus para pecados passados, presentes e futuros.
A Reforma protestante, nascida em reação à venda das indulgências, entre outras
razões, reafirmou o ensino bíblico de que o homem nada tem e nada pode fazer
para obter o favor de Deus. Ele soberana e graciosamente o concede ao pecador
arrependido que crê em Jesus Cristo, e nele somente.
A justificação do pecador é pela
fé, sem obras de justiça, afirmaram Lutero, Calvino, Zwinglio e todos os demais
líderes da Reforma. Diante disso, resgatou-se o conceito de que o favor de Deus
não se pode mensurar pelas dádivas terrenas, mas sim pelo dom do Espírito e
pela fé salvadora, que eram dados somente aos eleitos de Deus. O trabalho,
através do qual vem a prosperidade, passou a ser visto, particularmente nas
obras de Calvino, como tendo caráter religioso.
Acabou-se a separação entre o
sagrado e o profano que subjaz ao conceito de que Deus abençoa materialmente
quem lhe agrada espiritualmente. O calvinismo é, precisamente, a primeira ética
cristã que deu ao trabalho um caráter religioso. Mais tarde, esse conceito foi
mal compreendido por Max Weber, que traçou sua origem à doutrina da
predestinação como entendida pelos puritanos do século XVIII. Weber defendeu
que os calvinistas viam a prosperidade como prova da predestinação, de onde
extraiu a famosa tese que o calvinismo é o pai do capitalismo.
As conclusões de Weber têm sido
habilmente contestadas por estudiosos capazes, que gostariam que Weber tivesse
estudado as obras de Calvino e não somente os escritos dos puritanos do séc.
XVIII.
Atualmente, em nosso país, a idéia de que Deus sempre abençoa materialmente
aqueles que lhe agradam vem sendo levada adiante com vigor, não pelos
calvinistas e reformados em geral, mas pelas igrejas evangélicas chamadas de
neopentecostais, uma segunda geração do movimento pentecostal que chegou ao
Brasil na década de 1900.
A mensagem dos pastores, bispos e
“apóstolos” desse movimento é que a prosperidade financeira e a saúde são a
vontade de Deus para todo aquele que for fiel e dedicado à Igreja e que
sacrificar-se para dar dízimos e ofertas. Correspondentemente, os que são
infiéis nos dízimos e ofertas são amaldiçoados com quebra financeira, doenças,
problemas e tormentos da parte de demônios.
Na tentativa de obter esses dízimos e ofertas, os profetas da prosperidade
promovem campanhas de arrecadação alimentadas por versículos bíblicos
freqüentemente deslocados de seu contexto histórico e literário, prometendo
prosperidade financeira aos dizimistas e ameaçando com os castigos divinos os
que pouco ou nada contribuem.
O crescimento vertiginoso de
igrejas neopentecostais que pregam a prosperidade só pode ser explicado pela
idéia equivocada que o favor de Deus se mede e se compra pelo dinheiro, pelo
gosto que os evangélicos no Brasil ainda têm por bispos e apóstolos, pela idéia
nunca totalmente erradicada que pastores são mediadores entre Deus e os homens
e pelo misticismo supersticioso da alma brasileira no apego a objetos
considerados sagrados que podem abençoar as pessoas.
Quando vejo o retorno de grandes
massas ditas evangélicas às práticas medievais de usar no culto a Deus objetos
ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em
práticas supersticiosas e procurando obter prosperidade material por meio de
pagamento de dízimos e ofertas me pergunto se, ao final das contas, o
neopentecostalismo brasileiro e sua teologia da prosperidade não são, na
verdade, filhos da Igreja medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que
surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma medieval.
Contribuindo com a obra de Deus
Contribuir com a obra de Deus é uma verdade clara em toda Bíblia. Entretanto,
existem dois extremos que estão totalmente fora das Escrituras. O primeiro, dos
que gananciosamente mercadejam a fé para obter vantagens pessoais, enganando os
incautos. E o segundo, dos avarentos que amam mais o dinheiro do que a Deus e
fecham o coração e o bolso para a graça da generosidade.
A Escritura nos ensina a investir no Reino de Deus. A contribuição pessoal,
voluntária, generosa, sistemática e alegre está presente tanto no Antigo como
no Novo Testamento. E Davi nos oferece alguns princípios sobre o investimento
no Reino de Deus quando se preparava para a construção do templo de Jerusalém
(1Crônicas 29.1-22).
Naquele momento, ele estava diante de um desafio espiritual. A obra era extensa
porque não era para honra de homens, e sim para a glória de Deus (29.1). E Davi
sabia que ele e sua família eram alvos dessa obra. Dentre todas as famílias da
terra, eles foram escolhidos por Deus para a aliança de salvação. Por isso,
Davi contribuiu “todas as suas forças” (29.2).
Nossa generosidade é necessária no Reino de Deus porque somos parte dele.
Dentre todas as famílias da terra, Deus nos escolheu em seu eterno amor. Somos
parte dessa grande empreitada de salvação. Assim, nada mais natural do que nos
tornarmos cooperadores na expansão do Reino de Deus. E há muito a ser feito. Há
um templo a ser construído aqui; pessoas a serem evangelizadas; outras igrejas
a serem plantadas; pessoas a serem assistidas; missionários a serem enviados.
“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós”
(1Coríntios 3.9).
Além disso, Davi investiu generosamente porque amava a obra de seu Deus
(29.3-5). Quem ama a Deus se alegra em contribuir com sua obra segundo as suas
posses e de forma voluntária e generosa. Amar a Deus é também contribuir de
forma sistemática com sua obra. A contribuição da qual Deus se agrada é aquela
que é feita por amor, porque “ainda que eu distribua todos os meus bens entre
os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não
tiver amor, nada disso me aproveitará…” (1Co 13.3).
Mas não foi só Davi! Todo povo se alegrou em contribuir voluntariamente
(29.6-9). Deus não quer nada que seja feito por constrangimento. Mas
espontaneamente, voluntariamente e com alegria. Se não houver deleite e prazer
em investir no Reino de Deus, não estaremos fazendo com sinceridade. Nosso
coração tem de se inclinar com júbilo para o Senhor. Contribuir é um
privilégio, não um sacrifício. Não é um peso, mas uma glória. Assim, “cada um
contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por
necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria”. (2Co 9.7).
Por fim, todo o povo adorou o Senhor e se regozijou em sua presença (29.20-22).
Investir no Reino de Deus e contribuir voluntariamente é um ato solene de
adoração. Não é um suborno ou um negócio com Deus. Mas reconhecer que Ele é
mais importante que o dinheiro. É a supremacia e a primazia de Deus e de sua
grande glória em nossa vida e coração.
Tudo nós temos recebido de Deus. Somos por Ele abençoados em todas as nossas
necessidades – basta olhar para os que realmente passam necessidades para ver
isso. Por que então não se tornar um investidor em seu Reino? “Honra ao SENHOR
com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão
fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares”
(Provérbios 3.9-10).
CONTRIBUIÇÃO VOLUNTARIA E REGULAR
A LEI DA LIBERDADE do evangelho da graça estabelece alguns princípios para
nossas contribuições voluntárias às igrejas.
“Cada um contribua segundo propôs
no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá
com alegria” (2 Co 9.7).
Primeiro, não é a igreja que fixa
o valor. O crente, sabendo de suas condições financeiras em determinado mês, e
da necessidade da congregação, escolhe a quantia a ser ofertada.
Segundo, a contribuição será
voluntária e livre de qualquer pressão psicológica, “não por necessidade” de
conseguir algum favor espiritual. O termo “necessidade” (gr. ananke) denota “o
que tem de necessariamente ser”. Logo, a oferta, se é voluntária, não é uma
obrigação. Exemplo de ananke: “Todavia, o que está firme em seu coração, não
tendo necessidade, mas com poder sobre a sua própria vontade, se revolveu no
seu coração guardar a sua virgem, faz bem” (1 Co 7.37).
“Tristeza” (gr. lupe) significa
aflição, mágoa, peso, pesar. Exemplo: “Tenho grande tristeza e contínua dor em
meu coração” (Rm 9.20). Uma oferta que não seja voluntária, mas obrigatória,
por necessidade, poderá causar tristeza em lugar de alegria. Enfim, a alegria
resulta de uma decisão tomada de dentro para fora, sob impulso do Espírito
Santo, conforme a prosperidade de cada um (1 Co 16.2).
Terceiro, Deus não vê a quantidade
ofertada, mas a qualidade dos desejos e motivos do nosso coração ao ofertarmos.
Quarto, o Apóstolo recomenda não
ofertar com avareza (2 Co 9.5). Avareza indica um “excessivo e sórdido apego ao
dinheiro”, o que é terrível aos olhos de Deus.
Quinto, Deus promete abundância de
graça aos que dão com alegria, voluntariamente, de forma generosa.
Sexto, se o rente propuser em seu
coração dar mais de dez por cento de seus ganhos, não há nenhum problema,
embora esteja em desacordo com Malaquias 3.10, que limita a oferta em dez por
cento. Se ofertar com um valor inferior, mas de acordo com sua disponibilidade,
também não há problema, desde que seja de coração e com alegria. A Nova Aliança
não nos causa o temor de sermos apanhados pelo devorador. Não mais estamos
encarcerados na lei, mas dirigidos pela “lei do Espírito de vida, em Cristo
Jesus, que me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2).
Somos livres. “Lança fora a
escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da escrava herdará com o
filho da livre. De maneira que, irmãos, somos filhos não da escrava, mas da
livre. Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não
torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl 4.30, 31; 5.1).
CONCLUSÃO
Que a experiência de Asafe,
permitida por Deus, e registrada em sua Palavra, sirva de preciosa lição para
nós, hoje, e que jamais nos deixemos abater pelo fato de vermos os ímpios
prosperarem. Davi, no Salmo 37.1, recomenda: “Não te indignes por causa dos
malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade, porque cedo serão
ceifados como a erva e murcharão como a verdura”.
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
Lições bíblicas CPAD 1997
iptubarao.wordpress.com
www.abibliaevoce.com.br
www.estudosgospel.com.br
evangelicosdotcpr.blogspot.com
Livro Centelha Divina – Janair de
Morais Alcântara